segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

The Kickback Part I

Na minha mente, sei que não existes. Que és simplesmente o retrato de um sonho que me mantém acordada e me faz fugir dos pesadelos. Não pretendo infligir dor nem perder esperança. Sei que fazes parte do ar e o ar faz parte de ti. Que passas por mim e não me vês, mas que me sentes. No céu fazes parte do paraíso, tornas o inconsciente em algo verdadeiro e tentador. Quando pisamos a rua, as nuvens afastam-se para deixarem a luz te guiar. Nas guerras falsificas a vitória. O que mais te interessa, não interessa a ninguém. Muito menos a mim. Não queres saber de nada. No meio da multidão, quando me agarras na mão e entrelaças os teus dedos entre os meus, o mundo acelera e nós continuamos ali. A andar calmamente, como se nada nos tocasse. Quando damos por nós é de noite e estamos meio despidos no meio da praia, com a água a bater-nos nos pés. Ris-te porque a areia faz-te comichão na barriga, nas pernas, no nariz.
Não trouxemos toalha nem roupa decente. O frio não te faz tanta impressão como me faz a mim. Dizes que faz parte de ti, eu digo que me pertence. Tocas-me na face com a tua mão gelada, entrelaças os dedos no meu cabelo e deitas a tua face no meu peito. Simples e directo ‘ Dar-te-ei um céu. O escuro da noite, as estrelas, a lua e os mais ínfimos planetas.’. Fazes-me rir. Fazes-me imaginar como seria ter isso tudo. Sabendo que é impossível ter-te a ti como um todo. Venderia o céu, as estrelas e os mais ínfimos planetas só para te poder ter. Aconchegas-te. Cravas as unhas na minha pele. Sinto-te a ir. Eu sei que não queres. Fica. Fica comigo. Melhor, leva-me. Leva-me contigo para onde quer que vás. Crava as unhas na minha pele e tira-me o espírito. Crava as unhas na minha pele e deixa o meu corpo. Arranca-me o coração e não o coles de volta. Não preciso dele, não estarás aqui. A minha forma corpórea não interessa. Não interessa quando não estás aqui. A tua mão sobe e desce o meu corpo. Consegues com que feche os olhos e relaxe. Voar já não me é impossível. O teu peso torna-se leve. Como se tivesses a desaparecer. Não, ainda não podes ir embora. Subitamente o teu peso sinto levemente nos meus lábios secos. Num instante passamos da noite para o dia, da praia para casa.

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